Casa da Espinheira – Partner4Build | Fotografia de Arquitetura
Cliente
Partner4Build
Serviços
Fotografia de Arquitetura e interiores
Área
Habitação particular
Arquitetura
Partner4Build
Construção
-
Ano
2025
Localidade
Caldas da Rainha, Portugal
Fotografei a Casa da Espinheira, nas Caldas da Rainha — uma obra que combina rigor técnico, sensibilidade plástica e uma profunda ligação à matéria.
Concebida pela Partner4Build, esta moradia emerge como um exercício de pureza formal e honestidade construtiva, onde cada material revela a sua essência.
A génese do projeto nasce de um gesto simples: um origami arquitetónico, resultante da dobra de um guardanapo de papel — uma metáfora para a transformação da simplicidade em complexidade espacial.
Este gesto inicial define uma estrutura clara, marcada pela tensão entre a leveza da forma e a densidade da matéria.
O betão aparente domina a composição, emprestando robustez e intemporalidade à construção. A sua textura crua e a forma precisa das superfícies evidenciam a passagem do tempo, conferindo caráter escultórico ao volume.
A madeira natural, presente no pavimento e em detalhes interiores, atua como um contraponto sensorial e térmico, suavizando a rigidez do betão.
Já a pedra natural, usada de forma pontual, ancora a casa ao terreno e reforça a relação direta com a paisagem envolvente, consolidando a sua presença física e simbólica.
A moradia estrutura-se em torno da luz. As aberturas são cuidadosamente orientadas para capturar a luz solar ao longo do dia, transformando o betão em tela viva onde a luz desenha volumes e texturas.
No interior, os espaços desenvolvem-se em fluidez contínua: a sala e a cozinha em open space expandem-se verticalmente num duplo pé-direito, onde um mezanino suspenso funciona como escritório e ponto de observação. Essa relação visual entre níveis cria novas perspetivas e um diálogo dinâmico entre os espaços.
Exteriormente, o projeto ganha uma nova dimensão com o elemento água. A piscina, integrada num terreno moldado por um antigo muro de pedra, prolonga a materialidade e o contraste da casa. Este muro preexistente estabelece uma ponte entre o passado e o presente, o natural e o construído.
Enquanto fotógrafo, procurei traduzir essa dualidade — entre o brutalismo poético do betão e a serenidade da luz — através de uma abordagem que privilegia a forma, a textura e a escala humana. A presença subtil do arquiteto no espaço introduz dimensão e propósito, reforçando o vínculo entre a criação e o criador.
A Casa da Espinheira é, em última análise, uma obra de síntese e verdade: reduzida à sua essência, onde cada material, sombra e reflexo se torna parte integrante da experiência arquitetónica.