Passport series é um projecto de fotografia de viagem, desta vez é uma incrível viagem pelos parques naturais dos Estados Unidos da América em 2023.
Após uma escala do Porto para Madrid, onde passei a noite, para voltar a Lisboa e fazer um voo de 13 horas, começa na California a minha roadtrip pelos parques naturais dos Estados Unidos da América.
Não cometam o mesmo erro que eu, não é possível marcar um voo com várias escalas e só fazer check in no ultimo antes do vosso destino. Era essa a minha ideia, embarcar em Lisboa no voo direto para San Francisco mas o preço apelativo, tinha o inconveniente da viagem Porto-Madrid, com “estadia” nocturna no aeroporto e voo de madrugada para Lisboa para finalmente embarcar no voo final, de 13 horas.
Depois do primeiro percalço na viagem, chego a San Francisco.
Fui levantar o carro, já pré alugado de cá, fazer check in no primeiro de vários moteis ao longo desta viagem e começo a descobrir a cidade.
Primeira paragem foi junto ao Palace of Fine Arts, na Marina Disctrict, que tem uma boa vista para a Golden Gate Bridge e a famosa prisão de Alcatraz.
Curta viagem de carro até Battery Spencer, miradouro junto a Golden Gate com uma vista incrível sobre a ponte e cidade.
Aproveitando ao máximo o tempo disponivel, ainda me foi possivel ter uma vista sobre a cidade a partir de Twin Peaks, já no centro da cidade.
O primeiro dia termina com jet lag, sono e horários trocados mas feliz por estar a fazer uma viagem diferente, sozinho, sem preocupações ou pressão.
Segundo dia começa com uma viagem de cerca de 3 horas até ao interior do primeiro parque natural, o Yosamite Valley.
Para alguém que gosta de fotografia, o parque de Yosemite é imediatamente associado ao trabalho do fotógrafo Ansel Adams e ao chegar cá, percebe-se o porque de ter passado tanto tempo a fotografar e documentar tão bem esta zona.
A escala, dimensão e imponência do el capitan ou half dome, que são os pontos mais altos, é de deixar sem palavras, não há como descrever estar perante 2000 metros de altura de pedra e rocha que se ergue a pique ao nosso lado. Uma das coisas que impressiona nos EUA, é a obvia escala e dimensão.
Um dos objectivos da viagem era fazer alguns trilhos e passar algum tempo na natureza e locais por onde iria passar, os trilhos estão muito bem sinalizados, bastante informação disponível e também várias pessoas a fazer os trilhos, por isso, muito dificil perdermo-nos. Ainda existia um pouco de neve/gelo nos pontos mais altos, apesar de estarmos em meados de Maio.
Roteiro "Passport Series USA"
Depois de ter visitado o Death Valley, onde encontramos a bacia de Badwatter, um dos pontos mais baixos do planeta, cerca de 86 metros abaixo da linha do mar, e com temperaturas a rondar os 42/43 graus. Passando pelo Zabriskie Point and Artist Palette no caminho de volta a Las Vegas.
De Las Vegas fui para o Hualapai Indian Reservation, onde fica a entrada West do Grand Canyon.
O Grand Canyon é um vale com cerca de 446 km de comprimento e cerca de 19km na parte mais larga, formado pela erosão e esculpido pelo rio Colorado. Mais uma vez, faltam palavras para descrever a dimensão e quão impactante é.
Uma tempestade e possível trovoada não permitiu aceder ao famoso miradouro suspenso Skywalk, que é em ferro.
Por isso, depois de passar algum tempo em outros dos locais da reserva, fiz me a estrada para visitar a entrada principal do visitor center do Grand Canyon.
Depois de uma noite de descanso, pela manha desloco-me na direção de Page, no Arizona.
Toda esta zona tem cores e um aspecto completamente surreal, os vários tons de laranja é a predominate na paisagem, tendo o seu expoente máximo no Antelope Canyon.
Os vários Canyons ficam numa reserva e área protegida pela tribo Navajo, e como tal, todas as visitas são acompanhadas e guiadas por membros da tribo. O facto de a visita ser guiada, torna-a um pouco mais educativa e elucidativa sobre a história daquela zona.
Por esta altura, já tinha me cruzado com várias pessoas de vários estados, feito algumas amizades que acontecem pela pre disposição e por viajar sozinho e estar mais disponível para abordar e ser abordado.
A imagem que tinha do povo Americano, por esta fase, já era bastante positiva, pela simpatia e amabilidade que fui encontrando ao longo da viagem. No interior, os americanos não são muito diferentes dos portugueses, na verdade.
“A estrada importa mais do que a chegada”
T.S. Eliot
Como dá para perceber pelas imagens, o Antelope Canyon, é sem duvida alguma, um lugar que parece saído de um filme. A erosão que aconteceu ao longo de milhões de anos, transformou este lugar num espaço único, com formas e cores completamente surreais. Existem vários canyons, eu tive a oportunidade de visitar um pela manha, o Antelope X e o Lower Antelope da parte de tarde.
O tempo de visita é de cerca de 1 hora e existem vários grupos o que não permite o tempo suficiente para fotografar como gostaria e como este lugar merece, mas vale apena a visita, entramos num local que nos transporta para outra dimensão.
O final do dia, foi aproveitado para ver o pôr do sol noutro local de paragem obrigatória, que é Horsehoe Bend, onde o rio Colorado faz uma curva de 180º
O dia começa cedo, ou melhor, todos os dias nesta viagem foram de acordar cedo, porque existia quase todos os dias uma “pequena” viagem de 2 ou 3 horas entre os destinos que tinha traçado.
Este dia foi dedicado a fazer um trilho no Bryce Canyon, percorrer o The Navajo Loop Trail, que é a melhor forma e mais simples de conhecer este anfiteatro.
Grande parte destes parque naturais, são acessíveis com a compra do passe anual, que permite a entrada nestes e outros parques. A entrada dos parques, existe um portico para apresentar este passe ou comprar a entrada, onde nos é entregue mapas e informações úteis. Existem parques de estacionamento bem sinalizados e em quase todos os parques, têm uma rede de autocarros que percorre em loop os vários pontos de interesse. Por isso tudo está bem organizado e de forma prática para que seja possível aproveitar e usufruir da natureza sem gerar confusão.
O ultimo parque a ser visitado é o Zion National Park. Para variar, mais um local com uma dimensão gigante, um vale enorme com escarpas e montanhas enormes, onde nos sentimos pequenos.
A manha foi dedicada a percorrer um dos trilhos mais famosos, o Angels Landing. O trilho tem uma certa dificuldade, não é indicado para pessoas com medo de altura, até porque no ponto mais alto, atingimos os 1760 metros.
O risco é real, até porque no ano de 2023 foram reportadas 16 mortes. A forma sinuosa, apertada e em algumas zonas, quase a pique, só é possivel com a ajuda de uma corrente em ferro que ajuda como apoio para quem sobe, mas também para quem esta a descer, pelo exato mesmo sitio ao mesmo tempo. Por isso todo o cuidado é pouco.
Dito isto, a experiência é incrível, a adrenalina, transpor um desafio exigente, valoriza ainda mais a chegada ao ponto mais alto e contemplar a beleza da paisagem, acaba por fazer valer a dificuldade e o risco.
Foi a melhor forma de fechar em grande está viagem. Fazer mais de 4000km de carro, só e sem internet, poder conectar-me com os locais e as pessoas, sem pressa, visitar e conhecer conforme a minha disposição, foi sem duvida uma forma bastante positiva.
A vigem termina com o regresso a Las Vegas, para o voo para Nova York.
“Uma mente que se abre a uma nova experiência nunca pode voltar às suas antigas dimensões”