"Passport Series - Açores"
Passport series é um projecto de fotografia de viagem, onde procuro nas minhas viagens documentar o que vejo e criar uma narrativa autoral.
Fotografia de autor
2023
Açores
Passport series é um projecto de fotografia de viagem, onde procuro nas minhas viagens documentar o que vejo e criar uma narrativa autoral.
Em abril de 2023, fui pela primeira vez aos Açores, e pela primeira vez fotografar um projecto, ou melhor, dois projectos de interiores para o Curia Studio, gabinete de decoração de interiores com escritório em Ponta Delgada.
Nesta viagem, aproveitei para conhecer um pouco da ilha, algumas obras de arquitetura de referencia, cultura local e realizar os dois projectos.
Localizada na ilha de São Miguel, Açores, a Fábrica de Chá Gorreana é a mais antiga fábrica de chá na Europa, ainda em funcionamento. Fundada em 1883, por Ermelinda Pacheco Gago da Câmara, esta empresa continua a ser um negócio familiar. O clima húmido e chuvoso, as temperaturas amenas, bem como o solo acido e vulcânico, permitiram a produção de um chá verde e preto de qualidade
Cada vez mais, o chá Gorreana tem sido internacionalmente reconhecido pelo seu legado e pelo cultivo e comercialização de chás de primeira qualidade. Plantado a centenas de quilómetros da poluição industrial, nas vastas montanhas da luxuriante propriedade, o chá Gorreana não é sujeito a qualquer uso de herbicidas, pesticidas, fungicidas, corantes ou conservantes. Colhido, entre abril e outubro, o chá Gorreana é um produto 100% orgânico.
Atualmente, as plantações da Gorreana cobrem uma área de 32 hectares, de onde se produz cerca de 40 toneladas por ano. Uma pequena parte da produção é destinada ao mercado açoriano sendo que a restante é exportada para muitos países como Portugal Continental, Alemanha, EUA, Canadá, Áustria, França, Itália, Brasil, Angola, Japão, entre muitos outros países que valorizam acima de tudo a qualidade e singularidade dos chás Gorreana.
O projeto contempla a construção de 27 casas em regime de custos controlados, sendo o objetivo essencial do projeto o de garantir uma otimização da relação custo/qualidade das habitações. A racionalidade das soluções dos espaços tenta garantir a satisfação do exercício das atividades da vida familiar. As casas desenvolvem-se em dois pisos com o aproveitamento da falsa e com um forno exterior, elementos característicos das tipologias do nordeste micaelense.
O terreno com uma área total de 13.202 m² situa-se numa zona de transição da Vila das Sete Cidades, confinando a Poente com um arruamento existente, com uma frente consolidada de habitações de R/C mais 1, a Norte com uma habitação e uma série de lotes de ocupação agrícola, a Nascente com um lote agrícola e a Sul com um lote arborizado e sem construções.
Na definição dos arruamentos criam-se dois eixos prioritários Poente/Nascente que servem os arruamentos de acessos aos lotes no sentido Norte / Sul.
A casa, 18 (T3) e 9 (T2), dispõe-se nos lotes no sentido dos arruamentos Norte / Sul, orientadas quer a Poente/Nascente quer a Nascente /Poente, funcionando estas em quincôncio no quarteirão resultante da organização dos arruamentos, de modo a proporcionar uma vista desafogada para a Lagoa.
Arquipélago – Centro de Artes Contemporâneas busca unir diferentes escalas e tempo de suas partes. É um projeto transdisciplinar cuja missão é divulgar, criar e produzir cultura emergente: um espaço de troca e de interface para as pessoas, conhecimento e eventos.
O projeto mantém o caráter industrial do todo e destaca o diálogo entre um edifício existente (antiga fábrica de álcool / tabaco) e a nova construção (centro de artes e cultura, instalações de armazenamento, salão multiuso / artes performáticas, laboratórios, estúdios de arte).
O Arquipélago adquire sua identidade pela variação tranquila entre a preexistência e os dois novos edifícios. A estratégia de contenção das instalações de aplicação aumenta a eficiência espacial e funcionalidade hierárquica das diferentes áreas do complexo da fábrica existente. Os novos edifícios absorvem as funcionalidades requeridas, com condições especiais, não compatíveis com a espacialidade dos edifícios pré-existentes.
O projeto não exagera nas diferenças entre os antigos e novos edifícios. Pelo contrário, procura unir as diferentes escalas e memórias de suas partes em toda uma manipulação pictórica da forma e materialidade dos edifícios – as construções existentes são marcadas pela alvenaria de pedra vulcânica e os novos edifícios são caracterizados por uma forma abstrata, sem referência ou alusão a qualquer linguagem. Construído em concreto com inertes de basalto local, trabalha continuamente com a variação de texturas e rugosidade das superfícies, complementando a massa dos edifícios com o vazio dos pátios.
O novo programa reinventa o edifício existente, tornando-se um espaço significativo numa região periférica no meio do Oceano Atlântico.
O Arquipélago adiciona um significado para o contexto social e cultural nos quais está construído. Um novo espaço público se materializa em uma praça / pátio central, onde a arte se sente confortável e borra as fronteiras entre as esferas públicas e privadas, de lazer e de trabalho, arte e vida.
Os aspectos do desempenho sustentável dos edifícios foram abordados através de sua materialidade (estruturas, infraestruturas) e a absorção do conhecimento artesanal existente enriquecido pela forma atemporal do edifício. As medidas sustentáveis adotadas são sistemas passivos que buscam proporcionar conforto para os usuários: a densidade das paredes de concreto oferecem inércia e eficiência energética; a água da chuva é reaproveitada.
O projeto tem um compromisso com a qualidade do que existe, mostrando as variações tipológicas – novos edifícios são colocados ao lado dos já existentes, de forma serena – sublinhando a memória arquitetônica de um determinado período e uma adição, que não danifica, nem subverte, as estruturas construtivas do todo. O contexto e a contiguidade contribuem para a autonomia do objeto.
Entre as várias visitas aos locais obrigatórios na ilha, aos projectos de arquitetura que tinha como objectivo visitar, fui encontrando as várias estações do ano ao longo do dia, na ilha, chover bastante e fazer sol e calor no mesmo dia, é algo absolutamente normal.
Ao longo de dois dias, estive a fotografar dois projectos de interiores, ficam aqui algumas das imagens que resultaram do shooting.
Partilho também uma pequena memória descritiva do projecto, que saiu na edição de outubro da revista Urbana.
“Inserida numa zona residencial no centro da cidade de Ponta Delgada, nos Açores, a casa, um T4 dividido por três pisos, contou recentemente com a intervenção do Curia Studio para o projeto de interiores, que repensou integralmente a decoração e o mobiliário, a pedido dos clientes. “Respeitando a base arquitetónica existente, quisemos deixar o branco nas principais divisões da casa de modo a definir bem todas as formas. Apenas nas zonas privadas, optamos por uma cor mais quente deixando um ambiente mais intimista e relaxante”, revelam-nos. Os clientes, um casal cosmopolita, que vive o interior e o exterior da sua casa de uma forma muito fluida, “gostam de tirar partido, ao maximo, de todas as divisões, tendo sido premissas iniciais a funcionalidade e o bem-estar de quem vive e visita a casa” Com uma área interior de 265m, a moradia é apoiada por um espaço exterior com 100m, com piscina e uma zona de refeições, distribuindo-se, no piso 0, as principais zonas sociais. “O coração da casa é, sem dúvida, a sala de estar”, contam os arquitetos, “que comunica diretamente com a sala de jantar”.
A este espaço, junta-se o escritório, o lavabo social, a copa, a cozinha e a lavandaria. Para o piso 1 foram destinados os três quartos e a suite, acedidos através do hall de entrada, complementado pelo mezanino, a partir do qual se avista a sala de estar do andar inferior. Finalmente, no último andar da moradia, existe a sala de cinema e de jogos, além de um outro espaço de trabalho. Durante o bom tempo, a agradável sala de estar interior é substituída, durante umas boas horas do dia, pela sala de refeições do jardim, com a piscina como grande atrativo, num piscar de um olho constante aos seus moradores e convidados. “Todas as premissas para este projeto passaram por respeltar a amplitude dos espaços e tirar partido dos mesmos” , prosseguem. Assim, através das madeiras mais escuras, detalhes pretos e tons neutros foi criado “um estilo clássico, sóbrio e elegante” Quisemos criar e partir de uma base sóbria e elegante, para evoluir para o resto da decoração, de modo que a casa, no seu todo, exibisse uma paleta cromática marcada por tons neutros, que transmitissem conforto e uma sensação de bem-estar.”
Foi intenção do projecto evocar a paisagem arquitectónica dos açores, numa linha de continuidade com as formas e os materiais que moldam a memória colectiva da ilha e do arquipélago, e do qual são já, pela força do tempo, uma espécie de segunda natureza. Assim os edifícios são volumes arquetipais, simples e compactos, revestidos com a pedra basáltica da região.
Sendo o edifício mais excepcional, o Centro de Monitorização e Investigação das Furnas recorre a um espaço intermédio entre o exterior e o interior – o pátio.
Este surge como subtracção ao volume, recortando-o desde a zona central (vértice das quatro águas) até rasgar um dos alçados, possibilitando assim o acesso ao interior.
É a partir deste pátio que se revelam os compartimentos principais do edifício. Estes espaços, truncados pelo pátio, mantêm todas as relações de interior / exterior fruto dos vãos existentes. O edifício é foi assim concebido como uma escultura, como um bloco de matéria prima, que intencionalmente se recorta para captar a luz e a própria Lagoa.
“Passport Series”
“Uma mente que se abre a uma nova experiência nunca pode voltar às suas antigas dimensões”
Oliver Wendell Holmes
Profoto D1 1000 W
Profoto D2 500 W
100x120cm
80x60cm
XL
Extensões, cabos, refletores, difusores, etc
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